quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Paróquia São Francisco de Paula: 260 anos de evangelização em Muaná

A igreja matriz de Muaná

O Município de Muaná tem sua história intrinsicamente vinculada com a religião católica, a maioria da população (62%, segundo o censo 2010 do IBGE) professa a fé católica. A presença efetiva da Igreja no local é garantida pela Paróquia São Francisco de Paula, que há 260 leva a palavra de Deus aos muanenses.

O início da devoção ao padroeiro do município é contado em uma história que a maioria dos muanenses já escutou. Conta-se que, no lugar onde hoje é a cidade, havia um sítio de propriedade da senhora Maria Amélia Pimentel; esta, em um dia normal, saiu para capinar, no lugar do seu trabalho, ela encontrou uma imagem de um santo, que ela não conseguiu descobrir de qual se tratava. A imagem teve de ser enviada à capital Belém para que o bispo pudesse tirar a dúvida, e o epíscopo disse que se tratava de uma imagem São Francisco de Paula, santo que viveu na Itália durante os séculos XV e XVI e era conhecido como o Eremita da Caridade.

Ao regressar à Muaná, a imagem começou a ser venerada pelos poucos habitantes do local, os quais tiveram de construir uma rústica capela para atender a demanda de fiéis que aumentava. A devoção ao santo contribuiu para o crescimento da localidade, tanto que em 1757 foi criada a Freguesia de São Francisco de Paula, desde então, essa porção do povo de Deus esteve ligada primeiramente à diocese e depois à arquidiocese de Belém, até que, em 1963, foi criada a prelazia de Ponta de Pedras, que tinha a paróquia de Muaná sob sua jurisdição.

Na atualidade, a paróquia continua cumprindo sua missão evangelizadora, mesmo em meio a todas as dificuldades que o Marajó oferece, são dezenas de comunidades e muitas pastorais, grupos e movimentos que formam junto aos padres, religiosas e leigos uma igreja viva e missionária.

Durante o ano, são muitas os eventos na cidade e no interior, ganham destaque as festividades promovidas pela paróquia, as mais importantes são o Círio de Nazaré, a Festividade de São Benedito e a do padroeiro São Francisco de Paula. Se no passado, os humildes devotos rezavam ladainhas ao santo, na atualidade a programação é mais extensa, com a presença fixa de sacerdotes, são rezadas missas todos os dias, além da ampla programação religiosa e social. Esses momentos servem para expressar a alegria do povo de Deus e vontade de confraternizar-se com os irmãos.

A paróquia acompanha também o calendário litúrgico da Igreja, celebrando as grandes festas, que também são pontos altos na vida de fé dos fiéis, assim, a Páscoa, fonte, centro e ápice de toda a vida igreja, o Natal, Pentecostes, Corpus Christi, as outras festas do Senhor, da Virgem Maria e dos Santos, são momentos que renovam e alimentam a fé popular.

As dificuldades são muitas: a grande extensão territorial do município e a consequente dificuldade de locomoção; os problemas financeiros, reflexo da carência da maioria do povo, e tantos outros problemas, porém, também há um povo esforçado, trabalhador e com uma grande fé em Deus, o que os leva a enfrentar as lutas em busca do crescimento de suas comunidades, pastorais, movimentos e da paróquia em geral.

Nos seus 260 anos de existência, a paróquia sobreviveu graças ao trabalho conjunto entre os ministros consagrados (sacerdotes e religiosas) e os leigos, essa união é o que garante, com as bênçãos de Deus, a continuidade da missão evangelizadora da paróquia São Francisco de Paula. 

Um pouco da vida de São Francisco de Paula, padroeiro de Muaná

São Francisco de Paula


O nosso estimado padroeiro também teve uma infância como a de qualquer outra pessoa, pertenceu a uma família, brincou e trabalhou. Nasceu na pequena aldeia de Paula, na região da Calábria, Itália, em 27 de março de 1416, 600 anos atrás, era filho de Giácomo D’Alessio e Vienna de Fuscaldo, um casal muito católico e estimado na região pela vida austera e santa que levavam. O casal era muito devoto de São Francisco de Assis, a quem tinham feito uma promessa de que, se conseguissem ter um filho, a este colocariam o nome de Francisco. Tendo sido atendido o pedido, o casal cumpriu os votos batizando o filho com o nome do “Pobrezinho de Assis”.

Francisco destacava-se desde a infância pela sua simplicidade e humildade, conquistando desde a tenra idade a admiração de muitas pessoas. Aos doze anos, Francisco fora fazer uma experiência de um ano com os franciscanos e, neste período, o menino progrediu muito, revelando diversas qualidades, transformando-se em um exemplo para os outros.

Depois de cumprir o ano de experiência, mesmo tendo gostado da vida no convento, o jovem santo sente-se chamado a uma missão diferente, resolve então ser eremita no deserto. Na solidão, ele se entrega a uma vida de oração, penitência e privações, vivendo em grutas e cavernas. Nessa experiência, o jovem penitente é tentado pelo demônio, porém a força de vontade e a oração são usadas pelo santo para combater o mal. Logo aparecem os primeiros seguidores, atraídos pelo estilo de vida solitária e santa, Francisco os recebia com muita alegria e assim nascia a Ordem dos Mínimos em 1435, tendo o santo apenas dezenove anos. Para a ordem, o eremita escreveu uma regra carregada de sabedoria e originalidade, o único requisito para entrar na instituição religiosa é se considerar o menor entre todos.

Em sua vida, Francisco realizou muitos prodígios e milagres, curando doentes, expulsando demônios, trazendo mortos à vida, tudo através da oração. Era muito procurado e requisitado por pessoas de diversas classes, tendo se tornado conselheiro de reis e mendigos, suscitando o desejo de conversão no coração dessas pessoas.

Francisco morreu aos 91 anos em Tours na França, no ano de 1504, no dia dois de abril, que é o seu dia litúrgico. Sua fama de santidade que já era grande espalhou-se ainda mais e o Eremita da Caridade foi canonizado em 1519, doze anos depois de sua morte, pelo Papa Leão X. 

Veja a letra de um hino que conta a história de São Francisco de Paula:

1. Taumaturgo e tão grande eremita,/ do Senhor sempre mais seguidor,/ pregador da verdade bendita,/ pelos régios caminhos do amor!/Conselheiro de reis, grande asceta,/ para todos de bom coração,/ com carisma de santo profeta,/ como Cristo, a morrer na paixão!

São Francisco de Paula,/ roga agora por nós,/ pede a Deus pelos pobres,/ que não tem vez e nem voz,/ que manhãs de esperança/ possam despontar,/ e nas trilhas da vida/ só o amor a reinar!

2. Penitente eras tu, mesmo infante,/ como um frade-menino, e sem par,/ rosto alegre, sereno e exultante,/ tão humilde, zeloso e exemplar!/ Dos que sulcam o mar, padroeiro,/ segurança tu sempre lhes dás,/ e na estrada de espinho certeiro,/ companheiro te tornas na paz!

3. Mesmo jovem, silêncio buscaste/ no fervor de feliz vocação,/ e mais jovens também encontraste/ para a vida de viva oração!/ Peregrino da Pátria que amamos,/ já nos átrios de Deus a morar,/ pede a Deus que também nós possamos/ no seu reino com Cristo reinar!

Agora veja a consagração a São Francisco de paula:

Meu Glorioso São Francisco de Paula, assim como vossa vida consagraste a Deus, venho pedir a vossa intercessão para que me ajudeis na minha consagração.

 
Quero consagrar o meu corpo, para que a cada dia busque a santidade. A minha alma, para que ela seja somente de Deus. Meus pensamentos, para que possa pensar somente no bem que é Jesus Cristo. Meu coração, para que possa amar a Deus sobre todas as coisas. Minha família, para que seja santa e abençoada. Meu trabalho, para que tudo o que faça seja para o bem da sociedade.

Renovo as promessas do meu batismo para eu ser fiel a Igreja até os últimos dias de minha vida. Peço também, ó santo padroeiro, a vossa intercessão para me livrar de todas as ciladas do inimigo da minha salvação, livra-me junto de Deus, dos vícios, das paixões desordenadas, da mentira, da luxúria, do orgulho que me separa de Deus e de todas as seduções que aparecem na minha vida de Cristão.

Ó São Francisco de Paula, pai da caridade, nós colocamos inteiramente, tudo o que temos e somos nas mãos de Deus. Assim seja.